4o trabalho: interface audiodigital e composição

Análise das Interfaces usadas na performance

Análise da Composição: Continuidades, descontinuidades, semântica e quadro paramétrico.

Synthrombone

A composição foi desenvolvida a partir do pensamento de retro alimentação entre os inputs presentes na interface. Portanto parte de princípios improvisacionais onde cada performance tem um caráter único e caracterizado pelas descontinuidades radicais surgidas da relação entre intérprete do instrumento (nesse caso um trombone) e intérprete na operação das luzes.

Apesar do caráter improvisativo, definimos pontos de referência para a composição: Em um primeiro momento o intérprete tocaria melodias com intervalos consoantes, num âmbito confortável para os ouvintes, que traz relação com a prática musical do intérprete (Afonso é músico de orquestras e também de projetos de pop rock, portanto tem uma bagagem musical com harmonia funcional e melodias consoantes). A um determinado instante, acontece a troca semântica para sons de caráter experimentais ao trombone. Aqui vale explicar que a palavra experimental é utilizada pelo caráter de descobrimento que o próprio trombonista me relatou em nossos ensaios. Os sons experimentais são ruídos no bocal, sopro sem a embocadura correta de técnica de trombone, falas no bocal, sussurros, batidas na campana dentre outros. Estes sons causam efeitos caóticos na interface e, com o terceiro input da luz, ainda mais caóticos, gerando a descontinuidade radical que é marcado no segundo momento da obra. Ao final desse momento Afonso volta para sons mais tradicionais ao trombone, porém com dinâmica maior, causando uma ampliação do efeito de sintetização paralela criado pela interface. A dinâmica cresce (continuidade progressiva) mas a densidade de notas fica mais densa criando sons desconexos (descontinuidade radical), a soma desses dois parâmetros cria uma descontinuidade ambivalente, que vai depender do foco cognitivo dado pelo ouvinte. Junto com essa movimentação, a iluminação faz o mesmo na sua própria maneira. Por isso a 3ª parte da performance se caracteriza por uma descontinuidade ambivalente. Ao termino dessa sessão, os dois intérpretes crescem a densidade de informações e movimentos, culminando no ápice final, uma nota forte, uma iluminação toda branca (pico de luz nos sensores) e, consequentemente, uma microfonia surge, cresce e começa a incomodar os ouvidos. No instante que essa microfonia começa a ser insuportável para os intérpretes, a luz é cortada e a microfonia some. Finalizando a obra.

Quadro de análise paramétrica da composição/performance